Dedicatória do blog



Dedico esse blog a memória dos inesquecíveis VICENTE ANTUNES DE OLIVEIRA e Dr. MURILO PAULINO BADARÓ, amigos desta e d'outra vida!!! Ambos estão presentes na varanda da minha memória, compondo a história de minha vida, do meu ser e da minha gênese! Suas vidas são lições de que se beneficiariam, se fossem conhecidas, grandes personalidades e excepcionais estadistas. Enriqueceram o mundo com suas biografias e trouxe ao mundo a certeza que fazer o bem é possível, até mesmo na POLÍTICA!


Dedico também a meu trisavô Firmo de Paula Freire (*1848-1931), um dos maiores servidores da república no vale do Jequitinhonha, grande luminar da pedagogia da esperança!

Nossa Legenda

Nossa Legenda
Nossa Fé e Nosso FUturo

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Registro Literário

Elizabeth Rennó recebendo a Medalha Santos Dumont, 2010.

Uma lady poeta


 O encontro com Elizabeth Rennó é sempre um exercício de inefável prazer de viver o momento e do convívio em si. Ler seus livros é enveredar-se pelos caminhos dos sonhos, subir ao paraíso e despencar das nuvens rumo ao êxtase. Sua formação literária, naturalmente, aprimorou-lhe o dom inato e a vocação latente, para as letras e a poesia. Discreta ao extremo, aliás, discretíssima, ela tem o porte nobre das lady’s inglesas e desfruta da boa conversação de uma pessoa de vasta cultura e profunda sensibilidade. Em boa hora e justiça ao seu labor literário, a UBE-RJ concedeu-lhe o “Prêmio Nacional de Leitura, categoria Poesia 2013”.

Recebi seu livro “Quatro estações mais uma”, em ótima edição da Editora Aldrava Letras e Artes, sediada em Mariana. Visualmente o livro está lindo, materialmente o livro está rico. Trabalho gráfico de alto valor, diagramação e visual maravilhoso, num trabalho esmerado da editora. A arte da capa um trabalho impecável de Andréia Donadon Leal (Deia Leal). Nada demais vindo de Elizabeth Rennó. Se ela é boa na prosa, na poesia ela tem se mostrado realmente maravilhosa. Seu estro não se diminui em momento nenhum, ao contrário tem sido elevado às alturas em seus livros mais recentes. Salvo melhor juízo, nessa altura da vida, parece-me que a poeta quer celebrar seu viver outonal com fortíssima ascendência em sua fase primaveril. E o faz magistralmente. Pois é no outono, hoje um período maravilhoso na vida feminina em função da tecnologia e do avanço médico-científico, que as mulheres se fixam em beleza e mistério, em sabedoria e acuidade, numa união maravilhosa de experiência e aprendizado, combinados com uma solidez impressionante de inteireza da vocação; além da compreensão humana e psicológica advindas de seus verões e invernos pregressos. Vê-se numa leitura panorâmica da obra o intenso prazer de viver que a autora demonstra em suas composições, o amor latente com que celebra as coisas cotidianas da vida e o valor que tributa às liras de Parnaso. Sobe ao Olimpo para celebrar a poesia e mantém a capela das deusas do poema em alfaias de luz e em altar de brilhante. Porque sabe que ainda há que viver, há mais para amar, um mar de celebrações a esperar, um oceano de futuros e amanhãs para sonhar. Bendito outono, gostosa primavera rediviva entre sonhares e cantares, emanados de um coração acostumado a amar, apaixonado pelo belo e em busca do engrandecimento da divindade plantada nos seres humanos.

Colho aqui e ali exemplos de composições bem acabadas saídas de sua pena aurea, brotados na derme da sua sensibilidade e nascidos da sua alma. Dou por exemplo o poema “Ao poeta”, na página 14:

“No príncipio, o Verbo
Palavra encarnada
Transmutação idealizada
Traducao arquetípica
Origem das origens
Alfa cosmogônico...

... surge a figura do poeta
Ser predestinado
O que vê além e mais alto...”

Não é preciso comentar o poema. Ele fala por si. O leitor sente, pressente e entende o recado. É lúdico e alto, é belo e celebrativo ao mesmo tempo. Nos poemas em que celebra a palavra, embaixatriz da alma e extensão do espírito, onde ela alarga o sentimento e exalta esse dom advindo de Deus. Profunda conhecedora da língua, inculta e bela na sentença clássica de Olavo Bilac (*1865—†1918), ela o faz com maestria a junção da palavra e a exaltação do ser como prova da beleza e afirmação líricas. No poema “Fuga”, página 33, ela diz:

“Em traços regulares
e limites contidos
tentei aprisionar
as silabas
e os fonemas
de comportadas palavras...

Palavras
são poderosas
na amplidão da essência
na liberdade
que cria
razão de existência.”

Em outra parte, a que intitulou “Ser”, ela penetra em si e se mostra por inteira, em momentos de grandeza psicológica e espiritual para enviar seu recado à quem queira ouvi-lo e entendê-lo. Em “Amor presente”, página 78, ela derrama sobre o papel parte de seu coração comprometido com a paz e com o amor:

“Um gesto
um olhar
o sentido
do amor presente
em ato superposto
ao carinho da origem
a companhia diligente
o saber fazer concreta
a intrínseca consistência
do ser.”

O final do livro desfaz-se em mistério, pressentimento e celebração. Quatro são as estações do ano que ela usa como metáfora para a vida e parábola para a educação do sentimento. E mais uma! Qual seria essa estação inominada? Com certeza não é verão nem inverno, muito menos primavera ou outono. Poderia ser a espera ou a certeza. A espera da colheita e a certeza de haver plantado, o trigo do amor e o centeio da paz; e também de amassar o pão eucarístico com o vinho da esperança. A seara da vida foi bem cultivada por Elizabeth Rennó, que zelosa de sua produção poética e de sua prosa esmerada, vem conquistando galardões com sua pena caprichosa. O tempero da esperança é o sabor principal de seus poemas. A transcendência almejada por ela é perfeitamente alcançada.


Em espaço tão curto, não dá para dar vazão à tudo que nasce da leitura de livro tão profundo. Cala no coração, fixa na mente. Mais uma vez Elizabeth Rennó nos encanta com sua poesia. “Ut videre, ut ego sentio, et dicere volo”, como na sentença latina.

Elizabeth Rennó, numa bela fotografia, para a posteridade...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qual destes homens é o mais ilustre filho de Turmalina?