A ORIGEM DA FAMÍLIA MACHADO PEREIRA
Valdivino Pereira Ferreira
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais,
escritor e pesquisador de genealogia.
O vocábulo genealogia é composto pelas raízes gregas gen (geração) e logos (estudo), que, por si só, já indicam o significado da palavra: o estudo das gerações, ou melhor, o estudo das famílias. É a sua recomposição no tempo (história) e no espaço (geografia). Logo, a genealogia e a história são ciências indissolúveis. Desnecessários serão os pergaminhos genealógicos desgarrados da história, porque uma é o complemento da outra, dirigindo sempre sob todos os ângulos da verdade na pesquisa familiar, os nortes da origem do poder político, econômico e social das nossas sociedades humanas.
A família Machado Pereira está presente em Turmalina desde o século XVIII, quando chegou ao curato da Piedade das Minas Novas, o alferes de Milícias Joaquim Machado Pereira, português do Alentejo. Chegou ao território das Minas Novas do Fanado, à cata de ouro, e depois do exaurimento das lavras, fixou sua residência no aludido curato da Piedade, hoje a cidade de Turmalina. Isso no ano de 1747, pouco mais ou pouco menos. Casou-se, já então sexagenário, com dona Inácia Maria da Silva (*c.1736−†12.09.1821), filha legitimada do Capitão-mor Antônio Godinho da Silva Manso (*c.1713−†1797), que foi o fundador da fazenda Água Suja, onde em 1734 iniciou a construção da capela da Piedade, sendo dos primeiros moradores dos arredores da capela e aquele que encabeçou o pedido de construção da citada capela ao arcebispo baiano, dom José Botelho de Matos. A mãe da senhora Inácia Maria da Silva (ou de Jesus, segundo alguns documentos), era dona Ana Maria de Jesus, criada na fazenda Pontal (hoje o distrito da Itira, perto de Araçuaí), do capitão Antônio Pereira dos Santos, o fundador de Virgem da Lapa, cuja fazenda foi fundada na sesmaria a ele concedida em 1727, pelo vice-rei Vasco Fernandes César de Menezes (que residia na Bahia, capital do Brasil colônia). Desse casamento, celebrado em 1º de maio de 1751, nasceram dois filhos: Bernardo Machado Pereira (*1752) e João Machado Pereira (*1753). Este último fundou, no território da hoje cidade de Veredinha, a Fazenda Sumidouro, cuja sesmaria foi confirmada pelo capitão-general Bernardo José de Lorena em 12 de março de 1802, e depois confirmada no “Registro paroquial de terras”, em 1855, na pessoa do herdeiro Damião Machado de Santana e seus filhos, registro exarado pelo padre Braz Vieira da Silva (vigário paroquial de N. S. da Piedade), estando estes documentos arquivados no Arquivo Público Mineiro.
João Machado Pereira (*1753-−†1834) casou-se com dona Albina Maria de Olivença, filha do capitão Domingos Alves de Macedo e de dona Luiza Mariz de Olivença. Desse conúbio nasceu em 1821, o coronel Luiz Machado Pereira, homem nobre e probo, dono de muitas terras e escravatura, casado em 1862, com dona sua prima dona Joana Bazília de Macedo, filha de Vicente Máximo Pereira e de Maria Albina de Olivença, sendo sua mãe irmã gêmea da Albina Maria de Olivença acima. Desse casamento nasceram, entre outros, os filhos seguintes:
1. Sargento Aniceto Machado Pereira (*1863−†1932) casado em 1886 com dona Maria Pinheiro de Quadros (*1872−†1945), filha do tenente Ildefonso Pinheiro Torres (*1845−†1900) e de sua esposa Marciana da Costa Quadros, falecida em 1931. Neta paterna do major João Joaquim de Souza Maciel (*1814−†1887), natural de Braga, Portugal, casado em 1842 em Piedade de Minas Novas com Dona Feliciana Pinheiro Torres. Neta materna do capitão João da Silva Quadros, baiano e oriundo da “Ilha dos Açores”, e de sua esposa dona Maria Izabel da Costa, natural da freguesia de Santo Antônio da Itacambira (MG). Esse casal deixou muitos filhos e tem geração extensa.
2. Capitão Saturnino Machado Pereira (*1865−†1936), fazendeiro, vereador à Câmara de Minas Novas, sub-delegado de Polícia em Piedade. Casado em 1889 com dona Maria Alves de Macedo (*1875−†1947), filha do alferes Antônio Alves de Macedo (*13.06.1853−†10.01.1911) e de dona Josefa Lopes de Macedo (*1856−†1945). Neta paterna de João Alves de Macedo Rocha (*1811−†?) e de dona Carlota Alves de Azevedo; neta materna do furriel João Lopes de Macedo (*1818−†1878) e de dona Jerônima Luiza de Azevedo (*?−†1871). Convém dizer que este João Alves de Macedo Rocha era homem ilustre e nobre, fazendeiro de posses e de muita escravaria, filho do capitão Manuel José da Rocha (*1767−†1834) e de sua esposa dona Izabel Jacinta de Macedo (*1773−†1856), pessoas de alta consideração na sociedade piedense. Os filhos desse casal tinham o apelido de “Ribeirão”: João Ribeirão, Emerenciana e Pedro Ribeirão, este último é o bisavô do ex-prefeito Antônio Alves Cordeiro (Roque da dona Emília) e Sebastião Magno Cordeiro Alves (Guinú). Por aí se nota que este é outro ramo enorme dessa grande família norte - mineira. Em segundas núpcias casou-se com D. Teonília do Amaral e Souza, filha do coronel José do Amaral e Souza e de sua esposa dona Maria Avelina do Amaral e Souza, natural de Berilo – MG.
3. Maria Machado Pereira – d. Maroca da Joana.
4. Estevão Machado Pereira, de descendência desconhecida.
5. Benedita Machado Pereira casada em 1897 com o tenente Miguel Godinho Neto (*29.09.1869−†1898), filho do Tenente-coronel José Leonardo da Rocha – “Juca Leonardo” e de sua esposa Ana Gonçalves Pires – vovó Sinh’ Ana. Casamento sem geração.
6. Coronel João Machado Pereira (*24.02.1881−†1961), comerciante, vereador à Câmara de Minas Novas, membro da Guarda Nacional, provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento, propulsor da emancipação política do município de Turmalina, um dos fundadores da Empresa de Eletrificação de Turmalina. Casado em 1903 com dona Etelvina Gonçalves Pereira (*1888−†1954), filha Germano Máximo Pereira e de Sebastiana Gonçalves Ferreira. Neta paterna de outro Germano Máximo Pereira e de sua esposa Ana Rosa de Jesus; neta materna de Eduardo Gonçalves Ferreira (Eduardo do Zé Gonçalo) e de Carlota Leonarda da Rocha (esta da família dos Lunardos).
Desse último casamento nasceram 12 filhos, entre os quais os senhores Lauro Machado Pereira (*1904−†1960), ilustre chefe político de Turmalina e o grande líder da luta da emancipação de Turmalina (que culminou na instalação do município em 1949); e o Vicente Ariel Machado (*1925−†1985), comerciante e ex-prefeito de Turmalina no período de 1963 a 1967.
A partir do arraial da Piedade, a família “Machado Pereira”, e seus ramos conexos alastraram-se pelo inteiro vale do Jequitinhonha, por Minas Gerais e pelo Brasil. Seus membros constituem riqueza humana para o Brasil e para o mundo. Como se vê, a família “Machado Pereira” tem seus pergaminhos de nobreza e sua legenda histórica bem incrustada na história de Turmalina. Que assim continue ad aeternum.
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