A NOSSA TERRA
As coordenadoras da edição e José Geraldo Rocha.
Todos
nós achamos que a nossa terra é a melhor do mundo. E talvez seja mesmo. Conta-se
que Sêneca orgulhava-se muito da pequena aldeia onde foi gestado e dera seu
primeiro vagido, cujo eco fora recolhido ao seio de sua mãe. Contava isso com
muita honra para seus discípulos. Platão e Bias, sábios gregos da primeira
plana, também davam grande publicidade às miserabilíssimas aldeias em que
nasceram.
Segundo
Plínio, o moço, “o dever sagrado do amor à pátria é um dos quais devemos ter
medo e vergonha de abjurar perante Deus e perante os homens”. Digo isso porque
vejo editado um ótimo livro sobre os amares e os sonhares dos escritores não publicados
de Turmalina, sob a competente direção de Gilda Gomes de Macedo e Rosangela
Pinheiro. Trata-se do sumo extraído do projeto “O escritor na biblioteca”,
levado avante por Neyck Lopes e a equipe da “Biblioteca Comunitária Ler é
Preciso Dª Augusta Lima Maciel”, que tenta promover a leitura e a escrita entre
os leitores da mesma.
Derramar
o sangue e o espírito sobre o papel é uma tarefa difícil, dolorosa e
espinhenta, segundo se nota após a leitura de alguns autores ali antologiados.
Segundo Lucas Santana, ler é bom, mas escrever é um martírio. O professor José
Geraldo Rocha, então vereador da bancada petista, mistura lirismo, erotismo e
canto biográfico numa miscelânea bastante interessante, dando mostras de seu
enorme talento até agora escondido perante os olhos perscrutadores de Turmalina.
Eunice Gomes relata o milagre de sua existência num canto de fé em Deus e amor
aos pais. Maria Geralda Soares conta suas experiências de fé transcendente,
maternidade e a chegada dos netos. Bianca Leão fala da admiração pela matriarca
da família. E assim prossegue...
Bem...
é bom que se diga que o título do livro é obra do talhe magistral de Carlos
Drummond de Andrade (*1902—†1987) — Trouxeste a Chave? — e mescla variados
assuntos entre os quais o existencialismo. Sobre isso discorre com bons
argumentos a psicóloga Lívia Orsine acerca da vida e da obra da grandiosa
Clarice Lispector. “A hora da estrela”, romance introspectivo da autora,
inovadora e desconcertante na sua abordagem da humanidade inquietante em
Macabéa, misto de gente e nada existencial. Comodismo psicológico e inquietação
espiritual permeiam o romance “A hora da estrela”... busca e experimentalismo é
encontrado pelos leitores do projeto e identificado pela ensaísta Livia. De fato...
Graficamente,
o livro está muito apresentável. O conteúdo alegra a todos que o lêem. Dá
orgulho aos antologiados estarem nele. Os parabéns do cronista...
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