Certa
vez um eminente homem público de Minas Novas perguntou-me porque razoes –
espirituais, políticas ou econômicas – Turmalina destacou-se tanto que dava-lhe
a impressão de que Minas Novas havia estacionado no
tempo? Respondi-lhe que era questão das padroeiras – ao que ele riu muito. Sim,
eu disse-lhe. Minas Novas, entregue ao BOM Sucesso, que é efêmero; Turmalina, à
Piedade, que não tem fim. Hoje, volvidos cerca de 12 anos do episodio, poderia
acrescentar que Capelinha também estaria no páreo. Porque? Por que a graça
também é ilimitada e não tem fim.
Digo
isto à propósito de dona Mônica Lopes, mulher de grande envergadura moral e
cívica, cujos postulados de vida e de alma casaram com os mesmos de Jeferson
Lopes, outra grande figura humana da paisagem do vale do Jequitinhonha.
Destinos que se entrecruzam na certeza de que a pátria pequena lucraria com as
artes de Ariádne. Segundo os gregos antigos, as parcas não se enganam – embora
os fios do destino e dos caminhos sejam tantos.
Primeiro
foi a irmã, Maria José Vieira Machado – dª. Lilia –, tangida pelas razões do
coração, que veio aportar nas plagas de Piedade, quando conubiou-se com Vicente Ariel Machado (*1923—†1985). E
antes dela, a cunhada Maria José Machado – irmã de Vicente, buscara para esposo
o inolvidável Antônio Bebiano de Oliveira Júnior (Cordeiro de Oliveira pela avó
materna, da antiga família da fazenda do Fanha). Gente de prol, mas antes de
tudo, gente honrada e nobre. Bebiano foi prefeito municipal de Turmalina, Lilia
vereadora e presidente da Câmara e Mônica também. Talvez as visitas a casa da
irmã dona Lilia, aproximasse a possibilidade do namoro e do casamento com
Jeferson. Creio ter sido assim.
Nasceu
ela na cidade de Capelinha, vindo de pais honrados e probos: Joaquim Alves
Vieira, - que no início do século XX, quando o Dr. Francisco Sá foi ministro da
Viação e Obras Públicas – foi nomeado Tenente-coronel da Guarda Nacional – uma das
maiores aspirações de todo burguês ou agricultor de algumas posses daquela época.
Político municipal de largo prestigio pessoal, ocupou postos de relevância no
governo de Capelinha, tais quais o de vereador, membro da mesa da Câmara em
mais de uma oportunidade e vice-prefeito do município. A mãe, dona Rosa de Sena
Otoni – consta ser descendente do capitão Pedro Vieira Otoni – descendente do
poeta serrano José Eloy Otoni (*1764—†1854). O poeta Otoni, professor régio de
latim e francês em Minas Novas (nomeado em setembro de 1788 e com exercício até
1792), ali casou-se com Maria Rosa do Nascimento Esteves (*Minas Novas,MG, 1774
— † RJ, 1863), filha do coronel Manuel José Esteves Viana e de sua esposa dª.
Quitéria Pereira de Lima.[1]
Tais
são os seus ancestrais.
Ela
própria, vinda de casa numerosa, fidalga e distinta, fez questão de deixar seu
nome nimbado de honra e história. Primeiro foi o casamento, em 1964, com
Jeferson José Lopes, figura das mais honradas e proeminentes de Turmalina, na
segunda metade do século XX, onde havia participado ativamente da vida política,
econômica e cultural da comunidade. Professora e diretora escolar, foi ela ainda
a primeira mulher a adentrar os umbrais da Câmara Municipal de Turmalina, onde os
colegas a elegeram vice-presidente da Mesa e depois presidente.
Perdendo
dois de seus filhos e colhida pela depressão, ainda recolhe forças para
continuar amando com amor incondicional Paulo, os netos e as noras que
perpassaram os espinhos de seu caminhos com as rosas do afeto e da compreensão.
E ainda enfeita a nossa sociedade com a bonança do seu sorriso e o perfume da
sua presença.
Por
essas e por outras é que eu acho que Capelinha não perdeu a Graça... a Senhora
da Graça da Capelinha ainda é uma realidade imutável...
[1] De
Manuel José Esteves Viana e de dona Quitéria Pereira de Lima, nasceram minha Heptavó dona Ana Francisca da Conceição
Esteves e o capitão Manoel Roque Esteves, grande latifundiário no vale do
Mucuri, de quem Teófilo Otoni adquiriu grandes extensões de terras para a
concretização da sua Cia do Mucuri, iniciada em 1854. — Dona Tereza Pereira de
Jesus (*12.10.1760—†12.01.1828), minha pentavó materna, era irmã de dona
Quitéria, tendo se casado por cerca do ano de 1795 em Piedade (hoje Turmalina),
com o capitão Manuel Gonçalves Nunes (*1758—†1820). Ambas eram filhas do capitão-mor
de São Domingos do Araçuaí – hoje Virgem da Lapa – Antônio Pereira dos Santos e
de sua esposa Dª Izabel Pereira de Jesus e Lima, natural da Bahia.
Dª. Ana Francisca da Conceição Esteves casou-se a 23 de abril de 1797 com o Capitão-mor Martinho Nunes Pereira, no arraial da Piedade, sendo ele irmão da famosíssima senhora Dª. Joana Nunes Pereira - Joana do Convento - abadessa e priora da famosa Casa de Oração do Vale das Lágrimas do Arraial de Santa Cruz da Chapada (hoje Chapada do Norte). Do casal nasceram o Sargento Sérvolo Gomes Lima (*1802-+1885) e dona Tereza de Jesus Gomes Lima, esta segunda esposa do coronel Joaquim da Costa Lima, pais de minha tetravó Maria da Costa Lima (1842-1899)...
Dª. Ana Francisca da Conceição Esteves casou-se a 23 de abril de 1797 com o Capitão-mor Martinho Nunes Pereira, no arraial da Piedade, sendo ele irmão da famosíssima senhora Dª. Joana Nunes Pereira - Joana do Convento - abadessa e priora da famosa Casa de Oração do Vale das Lágrimas do Arraial de Santa Cruz da Chapada (hoje Chapada do Norte). Do casal nasceram o Sargento Sérvolo Gomes Lima (*1802-+1885) e dona Tereza de Jesus Gomes Lima, esta segunda esposa do coronel Joaquim da Costa Lima, pais de minha tetravó Maria da Costa Lima (1842-1899)...
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