EPISÓDIOS
DA GUERRA DO PARAGUAI (1865-1870)
II
II
Valdivino
Pereira Ferreira
Pesquisador
de história
O conflito Brasil-Paraguai, mais do
que atritos de ordem econômica e ideológica, foi fator determinante no
imaginário nacional, inclusive na decisiva consolidação do 2º Império e da
Nação Brasileira, no conjunto das nações ibero-americanas e no contexto
político e cultural das latino-americanas. Sua repercussão histórica produz
profundos estudos ideológicos de vertentes distintas. O esquerdismo produz uma
literatura denunciativa e acusatória; enquanto a direita produz uma defesa
apaixonada e nacionalista que não condiz com a realidade. Não é objeto desse
artigo discutir ou justificar as razões do conflito, apenas tratar de ações de
alguns heróis que se destacaram no teatro das operações da guerra. Apenas isso.
Hoje destaco o capitão Joaquim
Pinheiro Torres, homem de reconhecida bravura e idoneidade moral. Nasceu no
distrito de Nossa Senhora da Piedade das Minas Novas, hoje a cidade de
Turmalina, aos 21 de abril de 1810, sendo seus pais o capitão Francisco
Pinheiro Torres (*1767−†1844) e sua esposa dona Ana Alves de Macedo
(*1772−†1863). Foram seus avós paternos o alferes Manuel Pinheiro Torres e dona
Jacinta Maria Marques; e avós maternos o capitão Domingos Alves de Macedo
Júnior e dona Ana Luiza Mariz d’Olivença, antigas famílias descendentes dos
fundadores do município de Minas Novas. O menino Joaquim foi levado à pia
batismal no dia 3 de junho de 1810, sendo seus padrinhos o coronel Miguel
Godinho da Silva e sua mãe dona Joaquina Soares Cardoso, e oficiante o frei José
de Souza Barradas (conforme batizados esparsos na Paróquia de São Pedro dos
Fanados – 1805/1811).
Estudou na escola da professora
Maria Plácida de Lima, que regeu sua cadeira primária entre 1818 e 1829. Em
1836, por ato da Regência, foi nomeado subdelegado de Polícia do arraial da
Piedade e incorporado na Guarda Nacional com o posto de Capitão. Em 12 de junho
de 1833 casou-se com dona Ana Bernarda de Quadros (*1817−†1889), filha do tenente
João da Silva Quadros e de dona Maria da Costa e Silva, baianos de Caitité, na
Bahia. Consta que o casal não teve filhos.
Vindo o conflito entre o Brasil e o
Paraguai, incorporou-se as forças enviadas pela Guarda Nacional sediada em
Minas Novas sob o comando do Coronel José Bento Nogueira Góes – o Zebentão –
seguidas para o Mato Grosso em 1867. De Piedade de Minas Novas seguiram em sua
companhia o capitão José Leonardo da Rocha Pompéu – Juca Leonardo, alferes
Camilo Candido de Lélis, tenente João Pinheiro Torres Júnior, tenente Tristão
Aarão Ferreira dos Santos, tenente Patrício Pereira Freire, tenente Fabrício
Pereira Freire, sargento Antônio Soares Falcão, sargento Joaquim Lopes Barbosa,
todos acompanhados de quatro escravos, que se incorporaram ao Regimento 21.
Não se sabe da atuação de Joaquim
Pinheiro Torres no teatro das operações, apenas que serviu de ajudante de
ordens do generalato no comando do Duque de Caxias, Luiz Alves de Lima e Silva.
Feriu-se no famoso episodio em que perigou a vida do Imperador Pedro II, quando
visitando os soldados em Campanha, um soldado inimigo invadiu a barraca onde
ele dormia e quase degolou nosso imperante que dormia candidamente. Ferido, ele
recebeu dispensa imediata junto com o companheiro Camilo Cândido de Lélis,
regressando ambos para suas residências. Dos ferimentos proveio seu falecimento
em 21 de julho de 1871, sendo sepultado ao pé do altar-mor da matriz. Na
reforma efetuada entre 1947-1949, sua lápide foi retirada e colocada ao lado do
portão do Cemitério da Saudade, onde atualmente se encontra.
Seu nome merece constar entre os
maiores e mais ilustres cidadãos que construíram o passado de Turmalina, a
antiga Piedade de Minas Novas.
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